Por Geraldo Perelo
A Baixada Fluminense, com seus mais de 3 milhões de habitantes distribuídos em municípios como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, entre outros, continua sendo um território marcado por desigualdades gritantes. Apesar de sua importância estratégica, social e econômica para o estado do Rio de Janeiro, a região ainda sofre com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da Região Metropolitana — um retrato alarmante de abandono histórico por parte do poder público.
A negligência não é recente. Ela atravessa décadas, governos e promessas não cumpridas. Enquanto os centros urbanos mais ricos acumulam investimentos em infraestrutura, saúde, educação e cultura, a Baixada segue lutando pelo básico. Faltam hospitais equipados, escolas em condições adequadas, transporte público de qualidade e segurança. O saneamento básico ainda é um privilégio em muitos bairros. E o desemprego atinge em cheio uma população trabalhadora, criativa e resistente, mas sem oportunidades reais.
Não se trata de assistencialismo, mas de justiça social. A Baixada Fluminense não precisa de favores — ela precisa de políticas públicas permanentes, planejadas e eficazes. É fundamental que os investimentos ultrapassem o calendário eleitoral e que as soluções não venham apenas em forma de promessas ou obras pontuais. A região merece um pacto de desenvolvimento duradouro que envolva os governos municipal, estadual e federal, além da sociedade civil e da iniciativa privada.
O investimento contínuo em educação é uma das chaves. Uma juventude bem formada pode transformar realidades, impulsionar a economia local e romper o ciclo da pobreza. A valorização da cultura local, rica e pulsante, também é essencial para a construção de uma identidade mais forte e respeitada. Ao mesmo tempo, é urgente combater a violência estrutural que assola comunidades inteiras, criando políticas de segurança pública integradas a ações sociais.
A Baixada Fluminense é, acima de tudo, um território de potência, berço de talentos, celeiro de cultura popular, terra de trabalhadores e empreendedores. Mas para que essa potência floresça, o Estado precisa estar presente todos os dias — com escolas funcionando, hospitais preparados, transporte digno, oportunidades reais e políticas públicas que reconheçam a dignidade e a força de seu povo.
Chegou a hora de virar a página do abandono. O futuro da Baixada não pode mais esperar.