Município de Nilópolis busca estratégias para revitalizar o comércio
Na mesa de debates, sugestões de programas de apoio a empreendedores, desburocratização para abertura de negócios, campanhas de marketing, feiras, eventos e fortalecimento da identidade cultural e histórica do município
Por Geraldo Perelo
Nilópolis vive um momento de alerta com o fechamento de lojas e a saída de importantes redes do município. Para discutir soluções, o secretário de Trabalho, Emprego e Desenvolvimento Econômico, Eduardo Amorim, o Dudu, se reuniu no final de semana com representantes da classe empreendedora e do governo municipal. O objetivo é identificar as causas do problema e elaborar propostas que serão apresentadas ao prefeito David Abraão Neto, o Abraãozinho.
Na mesa de debates, ideias que vão, desde programas de apoio a empreendedores e desburocratização na abertura de empresas, até campanhas de marketing, realização de feiras e eventos, fortalecimento da identidade cultural e histórica do município e articulação entre poder público, associações comerciais, sindicatos, empreendedores e sociedade civil. O objetivo é simples, na teoria, mas desafiador na prática: gerar movimento, renda, empregos e qualidade de vida para a população.

Dudu Amorim (D) se reuniu com representantes da classe empreendedora e do governo municipal.
A preocupação ganhou força com o fechamento recente, no município, das Lojas Americanas, na Rua Simão Sessim, e do restaurante Habib’s, na Estrada Getúlio Vargas. Antes disso, o McDonald’s, do calçadão da Mirandela e o Supermercado Cristal, da Rua Antônio José Bittencourt, também já haviam encerrado suas atividades.
Segundo Dudu Amorim, a situação, que pode refletir um fenômeno nacional, assume contornos mais preocupantes em Nilópolis por se tratar de uma cidade pequena, sem parque industrial e dependente quase exclusivamente do comércio e dos serviços. “Por isso mesmo, precisamos saber quais ações o governo deve adotar e ouvir o que os empreendedores da nossa região têm a dizer. A crise é do Brasil inteiro, mas precisamos fazer a nossa parte”, afirmou.
Mudança de formato
Para a secretária de Fazenda, Janaína Telline, o encerramento de algumas atividades comerciais na cidade se deve à mudança do modelo de empresas que estariam migrando para o comércio digital, aderindo ao sistema de delivery, tendência que, segundo lembrou, foi acelerada pela pandemia da Covid-19. “Isso cria uma mudança no cenário. Ou seja, as empresas não estariam fechando, mas mudando o seu formato”, explicou.

Janaína: as empresas mudaram a dinâmica na forma de empreender depois da Covid-19.
Ainda na avaliação de Janaína Telline, muito empreendedor passou a enxergar também que não precisava manter as portas abertas para funcionar. “A pandemia trouxe essa realidade. As empresas tomaram aquele grande susto e mudaram a dinâmica na forma de empreender. Viram que podem, sim, ter a porta aberta, mas também trabalhar apenas com um depósito (de armazenamento do seu produto) e venda digital, lucrando tanto quanto”, avaliou. Apenas no primeiro semestre de 2025, mais de 500 microempreendedores individuais (MEIs) foram registrados no município.
“É preciso investigar se o que estamos vendo é um fechamento no sentido tradicional ou uma migração de ideia, com os empresários buscando formatos mais enxutos”, observou, a secretária.
Coworking e custos
Para Juan Medeiros, da Associação Comercial e Empresarial de Nilópolis e Baixada Fluminense, o alto custo dos aluguéis, impulsionado pela especulação imobiliária, é outro obstáculo para o comércio. Segundo afirmou, a concentração, no município, de grandes lojas que atraem consumidores de cidades vizinhas e da própria capital, acaba elevando o valor do aluguéis de lojas a patamares insustentáveis para muitos comerciantes.

Juan Medeiros (de óculos): o alto custo dos aluguéis é outro obstáculo para o comércio
Medeiros lembrou que, para reduzir custos, já começa a crescer no município a procura por coworking – espaço de trabalho compartilhado, onde diferentes profissionais, empresas e freelancers podem alugar mesas, estações de trabalho ou salas privativas, em vez de locar seus próprios escritórios.
Medeiros citou o exemplo das Lojas Americanas, que teria arriado as portas por não encontrar economicidade decente entre o valor do aluguel e o seu faturamento. Apontou ainda a carga tributária municipal como um fator de pressão, especialmente a Taxa Interna de Manutenção Empresarial (Taime), considerada, por ele, “muito alta”.
Atenta às críticas, Janaína Telline informou que o governo já está atualizando o Código Tributário Municipal que, segundo revelou, deverá ser enviado à Câmara de Vereadores, ainda este mês. No seu bojo, propostas de regras diferenciadas para micro e pequenos empresários. Ainda de acordo com a secretária, a revisão vai melhorar a legislação municipal, tornando-a mais coerente com a realidade de hoje, diferenciando o tratamento tributário entre as diferentes classes de empreendedores.
Já Dudu Amorim defendeu a criação de um Fórum Permanente de Desenvolvimento Econômico para reunir o poder público, entidades de classe, sociedade civil e definir estratégias conjuntas. Nos próximos 15 dias, uma pesquisa, em parceria com a Firjan e o Sebrae, deverá ouvir 500 empreendedores locais para mapear demandas e identificar os principais entraves do setor.
Segundo Amorim, a pesquisa vai servir de termômetro para avaliação das ações do governo no processo de revisão e alinhamento de políticas públicas que possam se adequar à realidade do momento vivido pelos comerciantes da cidade.
Além da pesquisa, o secretário também está alinhavando um pacote de cursos gratuitos junto à Firjan, Sebrae e Fecomércio, voltado ao aprimoramento dos empreendedores. O objetivo é manter um processo contínuo de projetos que permitam melhorar as operações, gestões e desempenho das empresas estabelecidas em Nilópolis.
Revitalização do comércio
A presidente do Sindicato do Comércio Varejista, Rosângela Almeida, se queixou do abando do calçadão da Mirandela, recém-inaugurado, por conta da sujeira, obstrução do espaço, abordagem de pedintes, além da frequência diária de pessoas em situação de rua, que dormem nos bancos de concreto, fazendo suas necessidades fisiológicas na porta das lojas. Criticou também a circulação irregular de bicicletas e motos.

Rosângela Almeida: com a valorização do comércio, evitamos a fuga clientes para outras regiões
Entre as propostas apresentada para revitalizar o comércio, estão campanhas de valorização do lojista, premiação de vitrines e atendimento ao cliente, eventos temáticos, um calendário promocional anual e melhorias na segurança e limpeza.
Para a sindicalista, a recuperação do comércio depende também de um ambiente urbano mais atraente, com policiamento, ordenamento do espaço público e iniciativas que estimulem a permanência dos consumidores no coração econômico do município. “Valorizando o nosso comércio, evitamos a fuga, a evasão de clientes para outras regiões e geramos mais empregos”, afirmou. Ela pediu também a volta da cabine da Guarda Municipal no calçadão para conter os excessos.
Ainda como fomento ao fortalecimento do comércio local, foi sugerido um plano de ação para criação de um calendário de festas temáticas que contemplem o setor o ano todo, através do Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, Natal e Ano Novo, com a ornamentação do centro comercial da cidade. Umas das ideias é fechar o trecho da Avenida Mirandela, entre as Ruas Zezinho e João Pessoa, para os festejos natalinos.

Secretário Antônio Costa está cuidando do planejamento cenográfico do Natal para o comércio
O secretário de Cultura, Antônio Costa, fez um relato histórico do desenvolvimento socioeconômico do município e anunciou que o planejamento cenográfico do Natal será apresentado em breve ao prefeito Abraãozinho. O projeto envolve a Casa do Papai Noel, o Presépio de Natal, instalação de Árvores Natal na Via Light, Pórticos da cidade, Parque Natural Municipal e no calçadão, além da ornamentação aérea, da máquinas de neve, recreadores e painéis de boas festas ao longo do calçadão da Mirandela.
Fotos: Geraldo Perelo
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