O Desafio da Segurança Pública

(*) Geraldo Perelo

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro continua sendo uma das áreas mais desafiadoras do Brasil no que diz respeito à segurança pública. Convivendo com índices persistentes de criminalidade, especialmente nos domínios do tráfico de drogas, das milícias e dos crimes patrimoniais, o governo do estado, sob a liderança de Cláudio Castro, tem empreendido uma série de medidas com o objetivo de conter a violência e recuperar a confiança da população nas instituições de segurança.

Desde que assumiu o governo, Cláudio Castro tem reiterado que a segurança é uma de suas prioridades. Sua administração adotou uma abordagem que mistura ações operacionais com iniciativas de gestão e inteligência. No entanto, os resultados ainda são controversos, com avanços pontuais contrastando com episódios emblemáticos de violência que expõem a complexidade do problema.

Uma das principais iniciativas foi o reforço das operações integradas entre as polícias Militar e Civil, com apoio das Forças Armadas em ocasiões específicas. A criação do programa Segurança Presente em diversas cidades da região metropolitana, como Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São Gonçalo e Nilópolis, é apontada como uma medida importante para o policiamento de proximidade, especialmente em áreas comerciais e corredores de mobilidade urbana. O projeto tem recebido elogios por reduzir pequenos delitos e aumentar a sensação de segurança.

Além disso, o governo investiu na ampliação do uso de tecnologias como drones e câmeras de reconhecimento facial, principalmente em comunidades com presença de grupos armados. A tentativa é aumentar a capacidade de vigilância e inteligência das forças de segurança, evitando confrontos diretos e melhorando o planejamento das operações.

Contudo, algumas dessas ações têm sido criticadas por não promoverem mudanças estruturais. Os confrontos frequentes em comunidades como Jacarezinho, Complexo da Maré e Vila Cruzeiro, entre outras regiões, resultaram em operações letais com alto número de mortos, o que levou a questionamentos sobre a eficácia e legalidade dessas intervenções, inclusive por organismos de direitos humanos.

Do ponto de vista administrativo, o governo Cláudio Castro deu continuidade à política de valorização salarial das forças de segurança, com reajustes e pagamento de gratificações por desempenho. A proposta é estimular o engajamento e combater a evasão de policiais civis e militares, que muitas vezes buscam melhores condições fora do serviço público.

Outro ponto importante foi a tentativa de reestruturar a inteligência policial. A criação de uma Secretaria Executiva de Inteligência e a reativação de parcerias com o Ministério Público e com o sistema prisional visam identificar e desarticular redes criminosas, tanto o narcotráfico quanto a milícia, que há anos controlam vastos territórios da capital e da Baixada Fluminense.

O governo também passou a adotar políticas de territorialização da segurança, concentrando ações em áreas mapeadas como mais violentas. Programas de urbanização e serviços públicos passaram a ser vinculados à presença das forças de segurança, embora essa integração ainda enfrente desafios operacionais.

Os dados mais recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram uma leve redução nos homicídios dolosos e nos roubos de rua em determinadas regiões. No entanto, o número de mortes em ações policiais permanece elevado, o que reforça o diagnóstico de uma política ainda muito dependente do confronto armado.

Há ainda um crescimento preocupante da atuação das milícias, especialmente em áreas da Zona Oeste do Rio e na Baixada. Mesmo com ações pontuais de combate, a estrutura econômica e territorial desses grupos segue resistente, indicando que ações repressivas, embora necessárias, não têm sido suficientes para desmontar o poder paralelo estabelecido.

O governo Cláudio Castro tem demonstrado empenho e investido em diversas frentes para enfrentar a violência na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. As iniciativas mostram um esforço de gestão mais coordenada e uso de tecnologia, mas os resultados ainda estão aquém das expectativas de uma população historicamente vulnerável e temerosa.

É inegável que o problema da violência no Rio é estrutural, atravessa décadas de abandono e carece de um pacto federativo mais amplo que envolva também o governo federal. Enquanto isso, o governador Cláudio Castro segue tentando equilibrar repressão e modernização do sistema de segurança, num cenário onde cada avanço ainda é medido em pequenos e dolorosos passos.

(*) Geraldo Perelo é jornalista, fundador e editor-chefe do GPBaixadanews.com