Polícia Civil realiza operação contra call center que cobrava por orações em Niterói

Polícia Civil realiza operação contra call center que cobrava por orações em Niterói

“Operação Blasfêmia”, realizada por agentes da 76ª DP (Niterói) em conjunto com o Ministério Público, cumpre mandados de busca e apreensão em decorrência de inquérito que apurou os crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro.

O Governo do Estado, por meio da Polícia Civil, deflagrou, nesta quarta-feira (24), uma ação contra uma quadrilha que, se passando por um pastor, cobrava de fiéis para fazer orações, prometendo curas e milagres. Os criminosos atuavam a partir de uma central de telemarketing, no Centro de Niterói. A “Operação Blasfêmia”, realizada por agentes da 76ª DP (Niterói) em conjunto com o Ministério Público, cumpre mandados de busca e apreensão em decorrência de inquérito que apurou os crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro.

– É muito triste ver criminosos usando a fé genuína para se aproveitar das pessoas e praticar o mal. Parabenizo a nossa Polícia Civil por mais essa ação, promovida com base em diversas investigações e trabalho de inteligência, que interrompe esse tipo de crime contra a nossa população – afirmou o governador Cláudio Castro.

Estrutura sofisticada

As investigações revelaram uma estrutura sofisticada de telemarketing religioso, onde dezenas de atendentes eram contratados por meio de anúncios em plataforma on-line de vendas. Os selecionados, sem qualquer vínculo religioso com a instituição, eram orientados a se passarem pelo líder religioso durante atendimentos via WhatsApp. Nas conversas com as vítimas, os atendentes simulavam ser o pastor de uma igreja de São Gonçalo, utilizando áudios previamente gravados com promessas de curas e milagres, condicionadas à realização de transferências bancárias via pix. Os valores cobrados variavam entre R$ 20 e R$ 1,5 mil, conforme o “tipo de oração” oferecida.

Para dar vazão ao grande volume de arrecadações, o grupo se utilizava de uma rede de contas bancárias registradas em nome de terceiros, dificultando o rastreamento das movimentações financeiras. Os atendentes eram remunerados por comissões proporcionais à arrecadação semanal e submetidos a metas rígidas de desempenho. Aqueles que não atingiam o valor mínimo estipulado eram dispensados.

Sequestro dos bens

A investigação teve início em fevereiro deste ano, quando a polícia identificou a existência de um call center onde foram flagradas 42 pessoas realizando atendimentos virtuais. Na ocasião, 52 telefones celulares, 6 notebooks e 149 cartões pré-pagos de telefonia móvel foram apreendidos. A análise desse material confirmou a atuação coordenada do grupo e permitiu identificar milhares de vítimas em todo o território nacional.

Durante a apuração, foi realizada também investigação financeira, que identificou movimentações superiores a R$ 3 milhões em um período de dois anos. Com base nos elementos colhidos, foram decretados o sequestro de bens e o bloqueio de contas bancárias dos investigados, bem como de empresas a eles vinculadas.

Nessa primeira fase, o pastor e outros 22 integrantes do grupo foram denunciados. Além disso, foi deferida medida cautelar de monitoramento por tornozeleira eletrônica em face do pastor. As investigações seguem com o objetivo de identificar novas vítimas e eventuais participantes da organização.

Foto: Reprodução TV Globo