Baixada Fluminense brilha no cenário internacional: “Ouro Azul” conquista o Rio WebFest 2025 e o Silver Ticket para Cusco
A produção arrebatou o Troféu Zé de Melhor Fotografia no Rio WebFest 2025, o maior e mais inclusivo festival de webséries do planeta, além de garantir o cobiçado Silver Ticket 2026, que o levará ao prestigiado Festival de Cusco, no Peru.

Por Geraldo Perelo
Em uma noite histórica para a cultura da Baixada Fluminense, o filme “Ouro Azul”, rodado na comunidade de Carlos Sampaio, em Austin, e no exuberante Pantanal Iguaçuano, rompeu fronteiras e conquistou o mundo. A produção arrebatou o Troféu Zé de Melhor Fotografia no Rio WebFest 2025, o maior e mais inclusivo festival de webséries do planeta, além de garantir o cobiçado Silver Ticket 2026, que o levará ao prestigiado Festival de Cusco, no Peru.
A consagração aconteceu na noite desta segunda-feira, na Cidade das Artes Bibi Ferreira, na Barra da Tijuca, e marca um triunfo inédito para um filme nascido da periferia fluminense — um território tantas vezes invisibilizado, mas de potência cultural indiscutível.

Matheus Dutra ( assistente de câmera), Bruno Chiari ( diretor de fotografi a ), Drielle Moura ( atriz, autora, diretora da Reboco ), Felipe Roz ( diretor ), Mauro Cominato ( assistente de direção), Evandro Tavares ( diretor de fotografia), vencedores do Rio WebFest 2025
Realizado pela Reboco Produções e Lordbull Filmes, com direção-geral de Felipe Roz e roteiro de Drielle Moura, “Ouro Azul” — cuja estreia está prevista para 2026 — mergulha nas disputas territoriais, nas memórias coletivas e na relação das comunidades da Baixada com suas águas. O filme constrói, com sensibilidade e vigor estético, uma metáfora profunda sobre abastecimento, pertencimento e resistência em um território marcado por rios ao mesmo tempo essenciais e negligenciados.
A fotografia primorosa, assinada por Bruno Chiari e Evandro Tavares, foi o grande destaque da premiação. Em meio a produções vindas do Canadá, Rússia, Estados Unidos, Recife e São Paulo, o olhar visual construído na Baixada conquistou o júri. Para Drielle Moura, autora, protagonista e indicada a Melhor Atriz, o reconhecimento internacional celebra não apenas a técnica, mas a identidade da obra:
“Essa premiação destaca a qualidade de ‘Ouro Azul’ em uma categoria extremamente disputada. É prova de que nosso trabalho, feito dentro do nosso território, dialoga com o mundo.”
Narrativa que nasce da terra, das águas e da memória
Em “Ouro Azul”, Drielle dá vida à personagem Maria José, moradora de uma vila fictícia em Nova Iguaçu, fundada por seus avós. Com força e complexidade, a personagem assume o papel de guardiã das histórias da comunidade, enquanto busca desvendar a morte do avô Zacarias, líder ancestral da Vila de Matagal.
“Maria deseja manter viva a memória de seu povo, mesmo diante da pressão pela tomada de terras. Ela revela camadas de sua personalidade ao narrar histórias, por vezes de modo arbitrário, mas sempre com o coração voltado para a preservação”, explica Drielle.
A série oferece uma leitura poética e política da água como elemento central da vida. Atravessada pelo imaginário dos rios da Baixada — especialmente o Rio Guandu, responsável pelo abastecimento de milhões de pessoas —, a obra reafirma a importância de defender esses territórios e suas tradições: das brincadeiras populares aos contos, da fé à sobrevivência.
A Baixada: cenário de beleza e força

A consagração aconteceu na noite desta segunda-feira, na Cidade das Artes Bibi Ferreira
Para o diretor de fotografia Evandro Tavares, filmar no Pantanal Iguaçuano e na região de Carlos Sampaio foi decisivo:
“São áreas de beleza singular, ainda pouco conhecidas. Registrá-las não só enriqueceu a fotografia do filme, como reafirmou sua identidade: trata-se de uma produção genuinamente iguaçuana, e isso me enche de orgulho.”
Seu parceiro de lente, Bruno Chiari, celebrou o feito:
“Receber esse prêmio é emocionante. A fotografia é responsável por transmitir as memórias e atualidades dessa grande imensidão que é o nosso ‘Ouro Azul’. Fotografar a beleza de Nova Iguaçu foi um privilégio.”
O diretor Felipe Roz explicou que as escolhas estéticas deram vida a uma atmosfera de memória, organicidade e pertencimento. As lentes vintage Takumar, com seus flares suaves e tons quentes, foram fundamentais para traduzir a intimidade e a humanidade da história.
Uma obra que é resistência, poesia e futuro
A conquista internacional do filme reafirma o talento, a força criativa e o protagonismo da Baixada Fluminense — um território que, quando visto, deslumbra; quando ouvido, transforma; e quando celebrado, ensina ao mundo que grandes obras também nascem nas margens.
“Ouro Azul” não é apenas cinema: é resistência, é gesto político, é poesia visual.
A Baixada venceu. E o mundo aplaudiu
Fotos: Larissa Vieira.















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